Cá estou, em Águas de Lindóia, lugar para aonde migramos sazonalmente, em busca de sossego e bem-estar. Como não poderia ser diferente, vim acompanhada de meus livros. Escolhi exemplares apropriados para períodos de férias, aqueles que contemplam conteúdos menos densos e proporcionam uma leitura mais ligeira. O primeiro deles: O clube do tricô, da canadense muito norte-americana Kate Jacobs, escolhi por acaso em uma visita despretensiosa à livraria da Vila da Fradique Coutinho. Não sei se o mesmo acontece com você, mas para mim, há livros a serem comprados em livrarias específicas. Na Cultura, por exemplo, vou sempre em busca de algo pré-determinado, previamente pensado e escolhido. Na Saraiva e na Livraria da Vila, as compras são de caráter aleatório, mais descompromissado. O que pode reservar boas surpresas. O mesmo pode-se dizer da Fnac.
Em dois dias, pude ler as 439 páginas do romance e mergulhar fundo na história de várias mulheres, de diferentes gerações e distintas percepções de mundo. Todas, de alguma forma, estavam entrelaçadas pelas tramas de um trabalho de tricô. Como se assemelhando à grande teia da vida. É interessante perceber como as características do feminino se desdobram e se replicam em várias culturas e sociedades. Há algo intrinsecamente típico da feminilidade que se mantém vivo e que pode ser reconhecido e perpetrado ao longo dos tempos. Mas falo de algo muito íntimo e pessoal. Temas muito particulares e próprios que se autosustentam e sobrevivem às revoluções históricas, às impactantes mudanças culturais, aos modismos e às tendências. E seus rastros podem ser seguidos em manifestações artísticas, principalmente aquelas produzidas pelos próprios punhos de mulheres. Feminismo à parte, trato aqui da atitude verdadeira de entrega e visceralidade que um livro, uma escultura ou uma pintura exigem.
E, para mim, as grandes obras de arte, as imortais, têm em si esta vocação (além de um destino), a de convidar a humanidade a sorver um pouco de sua própria fonte de beleza, sabedoria, espiritualidade e autoconhecimento.
O livro O clube do tricô, não é uma obra-prima. Na verdade, aproxima-se mais de um bestseller; no entanto, possibilita bons momentos de reflexão. Vale ler.
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