quarta-feira, 13 de outubro de 2010

O primeiro voo



Fizemos, no final de semana, um agradável programa em família ao assistir ao filme A Lenda dos Guardiões. O tema central do longa-metragem diz respeito à eterna luta do bem contra o mal, uma questão muito frequente na literatura universal e que reiteradamente subsidia ao cinema. Neste filme, em particular, a batalha é travada entre corujas, que ao personificarem guerreiros, buscam a manutenção de seus legados de conhecimento e de poder e a consequente perpetuação de suas espécies, exércitos e princípios. A trama engloba também temáticas complexas que incluem a rivalidade entre irmãos, a subserviência ao poder, a inveja, a cobiça, a violência, a sabedoria e a coragem, entre outras. Estes elementos de alguma forma fazem parte da realidade das crianças e apresentados no cinema propiciam uma reflexão conjunta muito significativa.
Houve uma cena que me emocionou e que despertou a curiosidade de meu filho. E ela acontece quando o personagem principal Soren, um “corujinho”, aprende a voar com aquele que seria o seu professor, ou até mesmo um mestre. A coruja mais velha lança o pequeno aprendiz em meio a um ambiente adverso e o instiga a voar. Percebendo a dificuldade de seu aluno, o mentor o convida a utilizar a sua moela e assim vencer os obstáculos.
Meu filho quis entender o que seria a moela e de que forma a pequena ave deveria usá-la. A explicação que lhe dei foi a de que a moela é uma parte do aparelho digestivo de alguns animais e a sua função é triturar previamente os alimentos antes de sua absorção pelo organismo. E considerei ainda que, neste filme, a moela também seria uma alegoria para que o pequeno “corujinho” resgatasse a sua força interior (“inner force”), que o levaria à superação das dificuldades. Algo inato à sua natureza mais íntima. Acrescentei que, nesta região do corpo, fica o nosso centro de poder e de força pessoal, segundo muitas tradições. Mas esta é a minha leitura. Pedi a ele que buscasse entender também do jeito dele. Ainda vamos retomar esta conversa.
Por fim, impressionou-me bastante a beleza das imagens sempre noturnas, condizentes com a vida das corujas e sugerindo uma atmosfera "new age"; o que para mim é muito semelhante a algumas cenas de Avatar, de James Cameron. Aliás, o mesmo símbolo da árvore, com seus troncos e galhos que se assemelham a portais, e toda a sua força e majestosa conexão com a terra, está nas duas películas. Talvez não por acaso.

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